domingo, 19 de março de 2017

O inesperado recanto


Paciente, conseguira remover, à força de braço, tudo quanto atravancara a velha janela e, aos seus surpreendidos olhos, como se conservada pelo tempo, fora de todo o tempo, ali estava, rompido o tabique que a ocultava, diria uma alcova, não fora a impudicícia da palavra ferir o recato de horas mansas que fora dado viver. Apenas uma fina poeira, marcava o isolamento em que tudo ficara.
A um e um, todos os livros arrumados, pinceladas agora as folhas, como se a acariciá-las para que delas voltassem a frescura e viço de quando as li. Restituída a luz eléctrica, difusa amarelecia tal qual o Sol aquele inesperado recanto.
Hoje o dia deu em quente até quase ao entardecer. Distraídos os olhos, contemplava o sonho, olhando distraidamente a distância do lugar. Paciente, conseguira remover do lugar o esquecimento.